opinião

OPINIÃO: Granada

A Espanha é um país encantador. De norte a sul, possui riquezas naturais e culturais impressionantes. Mas há uma cidade, em especial, na Andaluzia, que concentra uma das maiores riquezas do país, além de uma magia não descrita em livros. Uma magia que somente quem a conhece e caminha por suas ruelas estreitas e conversa com seu povo consegue perceber.

Os encantos de Granada remontam aos anos 600 A.C com achados arqueológicos, muito embora acredita-se que a região era ocupada desde o segundo milênio antes de Cristo. A cidade foi dominada por cartagineses, depois pelos romanos, que a tornaram uma das cidades mais destacadas de seu império, quando foi tomada pelos mulçumanos, permanecendo no poder dos mouros por cerca de 700 anos, até que o Reino de Granada foi conquistado pelos reis católicos, Isabel e Fernando. Conta a história que quando os reis católicos expulsaram o rei Boabdil, um grande, forte e respeitado guerreiro, ele ficou muito triste e chorou por ter perdido o que chamava de "o Paraíso Terrestre" e em sua retirada, na sua última olhada, da costa granatina, para o seu paraíso, ele suspirou de tristeza e esse local no morro recebeu o nome de "El Suspiro del Moro".

Granada é uma cidade moderna, com mais de 500 mil habitantes, conta com uma universidade importante, com animada vida noturna, tapas caprichada, além de muitos bares pitorescos. Mas Granada é essencialmente uma cidade de curiosidades, segredos, histórias e lendas que são transmitidas de boca em boca, de geração em geração e que são lembradas pelos seus habitantes com orgulho. Embora muitas dessas histórias e curiosidades venham da herança árabe, há muitas outras que compõem a empolgante história popular de suas ruas e de seu povo.

Granada, a cidade que retém um feitiço que provém da sucessão de culturas diferentes, que, durante séculos, tem enriquecido o seu patrimônio cultural, monumental e artísticos; da Alhambra que foi o Palácio de sultões mulçumanos, com seus jardins bem cuidados; da catedral em estilo renascentista com traços barrocos, onde estão enterrados os reis Fernando e Isabel, que além de retomarem a cidade dos mouros, financiaram a viagem de Cristóvão Colombo na descoberta da América, fato registrado com um monumento no centro da cidade; das ruas estreitas que levam até o mirador de San Nicola, onde se tem a melhor vista da Alhambra; da Sierra Nevada, que do alto de suas montanhas propiciam um por do sol lindo, de cores inigualáveis; do El Albacin, o maior bairro árabe da Espanha, que possui um mercado típico, que vende desde roupas, panelas e especiarias, que em nada difere dos souks árabes; das tapas e vinhos, mas principalmente é a cidade que se faz refletir com orgulho nos olhos de seu povo cigano.

Granada é, na verdade, uma dessas cidades que se visita e não se esquece jamais, pois é um reduto de cultura e arte a céu aberto, que se entranha em todos os lugares e em cada detalhe.

Ela é, sem dúvida, merecedora da frase de Francisco de Icaza, dita a sua esposa quando, na entrada da Alhambra, encontraram um cego pedindo esmolas: "Dê-lhe uma esmola, mulher, pois não há dor maior na vida do que a de ser cego em Granada"

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Direitos sociais e o equilíbrio necessário Anterior

OPINIÃO: Direitos sociais e o equilíbrio necessário

OPINIÃO: Conhecer a verdade para nos libertar do medo do castigo de Deus Próximo

OPINIÃO: Conhecer a verdade para nos libertar do medo do castigo de Deus

Colunistas do Impresso